Quem fala um pouco disso é a enfermeira Cátia Luciano. Cátia já passou pela Covid, teve sintomas leves. Atuando na Secretaria de Saúde e Saneamento, Cátia tomou a primeira dose do imunizante contra a Covid no início de março, na sequência, apresentou sintomas e testou positivo em 17 de março.  “Agradeço à ciência; me sinto mais segura para trabalhar hoje e desejo que todos tenham essa oportunidade”, relata.

No dia-a-dia, Cátia diz que a apreensão é grande. “Desde o início vivemos em total estado de alerta. Para nós vai muito além dos números: temos contato com as famílias de pacientes que precisam ser transferidos; acompanhamos a evolução, torcemos para que todos possam sair segurando a placa “Venci a Covid”. Mas nem sempre é assim; tivemos perdas e sentimos muito cada uma delas”, diz.

Cátia fala do paradoxo que é receber a notícia em relação a cada paciente e ver notícias de aglomerações e festas clandestinas acontecendo.

“A gente trava uma luta diária com notícias tristes. Apela para essas festas não serem realizadas, é um contrassenso”, diz. “Falta consciência por parte da população”, frisa.

A profissional, que já ouviu relatos de jovens arrependidos por ter participado de festas e contraído o vírus, destaca que “nosso alerta é para que essas situações não ocorram; para que não se desdobrem em situações mais graves com a transmissão do vírus para familiares. Falta empatia pelo outro; amor; respeito. É um contrassenso diário”, saliente.

“As pessoas depositam todas as esperanças na vacina; mas é necessário alertar que a vacina não muda nosso comportamento: não nos torna mais empáticos; esse é um exercício diário pelo outro”, detalha.

Hoje, cerca de 300 profissionais da Secretaria atuam na linha de frente no combate à Covid-19. Cátia resume a sensação de muitos deles. “Claro que a gente se frustra em ver que falta conscientização. Queremos vacina para todos, sim. E sonhamos com dias melhores, sem a ameaça desse vírus”, finaliza.