Segundo Gilson a fé em Deus e o trabalho incansável da equipe o trouxeram “de volta”. O vencedor pontua que agora tem dois aniversários para comemorar: o dia 22 de fevereiro, data de seu nascimento e o dia 14 de agosto, a data do renascimento.

Ele lembra como tudo começou. “Desde o início da pandemia sempre tomei todos os cuidados, as precauções necessárias como a máscara, o uso do álcool. Eu trabalho como autônomo, atuo na compra e venda de gado e como preciso fazer visitas às fazendas redobrei os cuidados. No dia em que me senti mal fui ao Hospital Municipal de Campanha e também fiz um teste em uma farmácia, com o resultado positivo voltei ao Hospital e fui internado na mesma hora, logo fui para o Hospital Regional de Sorriso. Já minha esposa fez o exame e descobriu que já havia tido; ela permaneceu assintomática”, relata.

Assim que internou, Gilson descobriu que 40% do pulmão estava comprometido. No dia seguinte o número subiu para 67% e, no terceiro dia para 90%. A partir daí ele viveu a batalha pela vida 24 horas. Ontem (19) ele deu mais um passo para a recuperação com o início da fisioterapia respiratória. “Só peço que as pessoas continuem se cuidando”, pede com a voz embargada. Gilson não havia sido imunizado.

Situação semelhante viveu a também sorrisense Gisele Moura Rodrigues, 39 anos, que ficou internada 25 dias; 19 deles intubada na UTI do Hospital Regional Jorge de Abreu de Sinop. “Foi angustiante demais”, conta a irmã, Marisete. “Todos os dias eu aguardava a ligação do hospital em aflição; teve vários dias cheios de angústia. Ela estava na posição prona e eu precisava dar a notícia para nossos pais que já são idosos, para o marido dela e os três filhos. A Gisele é a caçulinha da nossa família, foi devastador vê-la assim”, diz. Gisele não havia recebido nenhuma dose de imunizante. 

 “Mas Deus e os médicos nos trouxeram ela de volta e ela está se recuperando. Temos muito a agradecer. Eu, pessoalmente nunca havia visto tanto esforço em um hospital público para salvar alguém. Tanto no Regional de Sinop quanto no Hospital de Campanha de Sorriso o que presenciamos foi muita humanidade”, frisa Marisete. 

Hoje mesmo (20), Gisele está no Ambulatório Médico Especializado acompanhada do esposo, Alex, aguardando consulta para dar continuidade ao tratamento pós-covid-19.

E quem também comemora a alta hospitalar é o seu Ernildo Groff, 67 anos. Diabético, seu Ernildo esteve 44 dias internado no Jorge Abreu de Sinop; 25 deles intubado. Hoje, em casa, ele já se alimenta normalmente e interage com a família.

“Ainda usa a cadeira de rodas por causa dos pés que estão inchados e com escarras, mas está lúcido, se alimentando e conversando”, pontua a irmã, dona Leonilda.

Seu Ernildo havia completado o esquema vacinal com a aplicação da segunda dose no dia 6 de maio.

O pedido em coro e emocionado realizado pelas três famílias é o mesmo: a covid-19 é devastadora; abala fisicamente e psicologicamente e o melhor medicamento ainda é a prevenção. “Por favor se cuidem, cuidem de quem vocês amam; evitem festas, exposições desnecessárias; matem a saudade dos parentes e amigos por telefone e assim que der se vacinem”, recomenda Gilson, o vencedor que passou mais de dois meses cara a cara com o vírus e ganhou a batalha. “Outros não tiveram a mesma sorte que eu, pense neles antes de se expor sem necessidade”, finaliza.

Hoje (20), quatro sorrisenses estão seguem internados em leitos de UTI entre a rede pública e particular. E só quem passou ou está em uma UTI enfrentando a batalha contra o coronavírus sabe o quanto é difícil e angustiante essa luta.