O coordenador do NIF, Reinaldo Nunes, destaca que de janeiro a setembro deste ano a equipe já ou recebeu ou resgatou 70 animais silvestres, muitos vítimas de atropelamento, queimadas, maus tratos e agressões. “Enviamos para o Cetas de Lucas animais como araras, antas, papagaios, tatus, porco-espinho, corujas suindaras, urutau e outros pássaros variados, porco-do-mato e serpentes”, diz.

Com um ano de funcionamento completo em junho, mais de 200 animais estão distribuídos pelo espaço. “Depois do próprio Município de Lucas, somos a cidade que mais tem enviado animais silvestres para o Cetas; então realizamos uma visita na companhia da doutora Fernanda e a Lauren para verificar como estão sendo cuidados os animais e também para falarmos sobre parcerias”, frisa Reinaldo ao destacar que acompanharam a visita a promotora Fernanda Pawelec Vasconcelos, representando Ministério Público Estadual e a assessora parlamentar Lauren Inês Nichelle, representando o vereador Iago Mella.


O local é gerenciado desde a abertura pela ONG Ame o Bem Semeando o Amor (Amibem). A presidente da ONG, Roseana Spindler, pontua que o Cetas é destinado a receber e tratar animais silvestres resgatados ou apreendidos pelos órgãos fiscalizadores, vítimas de atropelamento, queimadas, transportes ilegais e também aqueles mantidos em cativeiro doméstico como animais de estimação de forma irregular.
“Nosso trabalho é cuidar para possibilitar o retorno à natureza do maior número possível de animais. Temos vários espécimes que tratamos e já foram soltos; outros estão aqui em fase de recuperação; e, há também aqueles que sofreram acidentes muito graves e que não têm condições de retornar ao hábitat natural, esses continuarão aqui”, explica Roseana.


Como esse é o único Cetas do Mato Grosso, o local recebe animais de todo o Estado. Para a promotora Fernanda Pawelec Vasconcelos, o Cetas Coração do Cerrado é especial. “Os animais que estão aqui estão sendo muito bem cuidados, estão em recuperação das mazelas sofridas. Precisamos olhar com carinho para o Cetas e enviar ajuda”, frisa.


Reinaldo pontua que a posse de animais silvestres pertencentes à fauna brasileira sem a autorização dos órgãos ambientais competentes é crime contra a fauna, previsto na Lei Federal nº 9605/1998, sendo passível de prisão e multas. Caso o animal conste das listas oficiais das espécies ameaçadas de extinção, as multas e as penas são maiores.
Explica ainda que uma espécie que requer atenção é o Papagaio Verdadeiro (Amazona aestiva) que embora ainda não esteja oficialmente cadastrado nas listas vermelhas dos animais ameaçados de extinção, caminha para isso devido a questões culturais.


“É comum às pessoas terem papagaios em casa, ensinarem a falar e a interagir, mas esta prática contribui para o desaparecimento da espécie pois a captura de filhotes, associada à perda de habitat vem fazendo a população diminuir, de forma estudos já demonstram que uma das próximas espécies a ser declarada ameaçada de extinção é o papagaio. Quem insiste em aprisionar um papagaio está contribuindo para o seu desaparecimento”, afirma Reinaldo.


Denúncias de maus tratos a animais, filhotes que se dispersam dos pais ou caem do ninho, vítimas de acidentes ou ainda pessoas que desejam entregar animais silvestres espontaneamente, podem ligar para o Corpo de Bombeiros pelo telefone 193 ou para o NIF pelo (66) 99927-2611. O Corpo de Bombeiros atende 24 horas por dia e o NIF atende chamadas das 7 horas da manhã à meia-noite diariamente.

O Coração do Cerrado

 O Cetas Coração do Cerrado conta com um terreno de 10 mil metros quadrados com uma área construída de 250 m², além de 5 mil m² de mata. O investimento foi de R$ 504 mil numa parceria entre a prefeitura, Governo do Estado, Ministério Público e a ONG Amibem, que administra o espaço. Como o Cetas é um espaço para recuperação, não está aberto à visitação pública.