“Para mim sair de casa é muito difícil, imagina então pra ir buscar remédio; quando preciso de alguma coisa eu tenho que chamar um mototáxi para buscar”, conta. Hoje, além dos colírios especiais que precisa usar, da insulina e da medicação para a hipertensão, Severino também faz uso de medicamentos para o ácido úrico e colesterol alto. “É uma sacolada e tudo precisa ser bem conferido, guardado separadinho pra eu saber qual tomar e em qual horário, mas desde que o Otaviano (Otaviano José de França entregador do Programa Remédio em Casa) apareceu na minha vida tudo ficou mais fácil”, conta. “Pra mim, o Otaviano é uma benção, o programa é uma benção”, relata.
E se quem recebe os medicamentos em casa fica feliz, quem faz a entrega também se emociona. “A alegria do Severino é contagiante, ele tem vários problemas de saúde, mas nunca vi ele reclamar de nada, está sempre de bom humor e feliz em todas as visitas”, ressalta Otaviano, o responsável por entregar a sacolada do Severino uma vez por mês.
Há oito anos, Otaviano é o responsável pelas entregas. Atualmente ele também visita outras 469 casas sorrisenses – 470 pessoas são atendidas mensalmente. “O público que atendemos é formado por idosos, todos são muito receptivos, nunca tivemos problemas”, frisa.
Além de entregar a medicação, Otaviano aproveita para bater um papo, conferir se está tudo bem com o paciente e aferir a pressão. Tudo é feito com muito carinho e anotado na ficha de cada paciente. “A intenção é cada vez mais humanizar o atendimento, entender que cada ser humano é especial e precisa desse olhar”, destaca o coordenador do Remédio em Casa, Paulo Henrique Bourscheid.
Hoje o programa atende pacientes com diabetes/hipertensão acima de 60 anos e usuários de pelo menos um medicamento de uso contínuo que integre o programa; além de atender também pessoas com dificuldades de locomoção e ou que apresentam restrições como (a) restrição ao leito; (b) dificuldade física de locomoção; (c) deficiência física, síndrome de imobilidade e/ou uso de prótese e/ou órtese que exija acompanhante; (d) déficit cognitivo que exija cuidador. No caso do Severino, que tem 57 anos, o apoio se dá devido à dificuldade de locomoção.
A entrega domiciliar abrange medicamentos de atenção básica, padronizados na rede pública de saúde do Município de Sorriso, de uso contínuo para usuários do SUS que tenham algum tipo de dificuldade para acessar as Farmácias Cidadãs.
De janeiro de 2024 a janeiro de 2025, foram realizadas 3.791 entregas com o investimento de R$65.025,02 de recursos próprios municipais. E em cada entrega se repete o ritual da conversa com o paciente passando as orientações necessárias para que ele possa dar a continuidade correta ao tratamento.
Paulo explica que a inclusão do usuário no programa é realizada pela Unidade de Saúde em que ele é atendido. Para isso, basta que ou o próprio paciente e ou algum familiar procure o enfermeiro da unidade e ou o agente comunitário de saúde da área em que reside.
“A partir da inclusão no programa, mensalmente o paciente recebe o medicamento e assina o comprovante. O entregador conversa, afere a pressão quando é necessário e nos traz as informações individualizadas de cada paciente. É um excelente canal de comunicação”, diz. “O programa tem um impacto positivo na vida desses pacientes; o tratamento contínuo reduz o risco de eventos cardiovasculares e traz a comodidade de receber o medicamento em casa”, frisa.
Hoje, 100% da área urbana do Município é atendida pelo Programa.