Criar um grupo de trabalho para colocar em prática uma série de ações com a missão de reduzir de maneira efetiva os índices de violência contra a mulher em Sorriso. Foi esta a pauta da reunião do Gabinete de Gestão Integrada (GGI) de Sorriso, do qual participam hoje (17) representantes do Executivo, Legislativo, forças policiais, Judiciário, Ministério Público, instituições classistas, como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e religiosas.
A reunião de hoje é um dos reflexos diretos da audiência pública promovida na sexta-feira (12), no Fórum, que tratou sobre o fortalecimento da Rede de Enfrentamento à Violência Contra as Mulheres do Estado de Mato Grosso e contou com a presença da desembargadora Maria Erotildes Kneip e demais representantes da Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar (Cemulher) do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), bem como de representantes da Administração Municipal, como a secretária de Assistência Social do município, Jucélia Ferro; e o juiz da Segunda Vara Criminal de Sorriso, Anderson Candiotto, que organizou o evento. Participaram ainda do evento representantes de várias instituições para buscar formas de garantir mais segurança às mulheres sorrisenses.
Somente neste ano, foram registrados cinco casos de tentativa de homicídio contra mulheres, contra dois casos no ano passado. Os dados da Secretaria de Estado de Segurança Pública, que levam em consideração o período de janeiro a junho, apontam ainda três homicídios contra mulheres neste intervalo de tempo. Vale lembrar que nem todo caso de homicídio com vítimas mulheres é um caso de feminicídio, pois, para configurar este crime, é preciso que a morte tenha sido motivada pelo fato de a vítima ser mulher.
Nestes primeiros meses, a Sesp também tem registro de 384 casos de ameaça, frente a 392 registrados no mesmo período do ano passado. Mesmo com a redução nos casos de ameaça, o número de mulheres mortas no período mostra que é preciso agir de maneira efetiva. “ Precisamos fortalecer a rede de apoio às mulheres que sofrem com a violência doméstica, fornecendo as ferramentas necessárias para que ela tenha a coragem de denunciar a situação, apoiá-las no período pós-denúncia e torná-las protagonistas de suas vidas, de modo que possam sair do ciclo de violência, bem como prevenir outras ocorrências ”, comenta Jucélia.
E é justamente esta a proposta do grupo de trabalho implantado hoje. Presidido por Candiotto, a intenção do grupo é também agir diretamente junto ao agressor. De acordo com o juiz, é preciso ampliar as ações ostensivas da Polícia Militar para que o agressor perceba que realmente precisa cumprir as medidas protetivas e, ao mesmo tempo, promover, com apoio de instituições religiosas e lideranças comunitárias, grupos terapêuticos para que os agressores possam rever sua conduta e perceber o quanto as ações de violência contra a mulher são nocivas não apenas para a vítima direta, bem como para toda a família e também para o próprio agressor.
A Administração Municipal, de maneira articulada, também vai ampliar as ações que já promove neste sentido. Capitaneada por Jucélia, a equipe da Prefeitura vai também atuar no sentido de estender aos agressores ações para que possam rever sua conduta, seja por meio de atendimentos no Centro de Atendimento Psicossocial (Caps Nova Vida), seja com a promoção de cursos e outras iniciativas no sentido de sensibilizá-los e, desta maneira, reduzir a reincidência das ações.