De acordo com a Resolução, os cardápios devem ser planejados para atender, no mínimo, 30% das necessidades nutricionais de energia, macronutrientes (carboidratos, proteínas e lipídios) e micronutrientes prioritários, distribuídas em pelo menos duas refeições, para as creches em período parcial; e no mínimo 70% das necessidades, distribuídas em três refeições, para as creches em período integral. A normativa prevê ainda a obrigatoriedade de oferta de 75% de alimentos in natura ou minimamente processados; 20% no máximo de alimentos processados e ultraprocessados, 5% para a aquisição de ingredientes culinários, além da inclusão obrigatória de alimentos fonte de ferro heme (presente em alimentos de origem animal), pelo menos 4 vezes por semana e de alimentos fontes de vitamina A, pelo menos 3 vezes por semana. Ainda de acordo com o documento, torna-se proibida a presença de alimentos com gordura trans industrializada e a oferta de açúcar, mel, adoçante e alimentos ultraprocessados em todos os cardápios de crianças até 3 anos de idade. 

De acordo com a nutricionista da Semec, Lidiane Kolling, o aumento nos índices de sobrepeso e obesidade e as doenças relacionadas geraram a necessidade de alterações na legislação que rege o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). “A literatura relata que as principais doenças crônicas estão relacionadas com o excesso no consumo de alimentos ultraprocessados. Hoje, seguindo as recomendações da legislação vigente, o cardápio dos Cemeis não conta com preparações que levam açúcar, mel e alimentos ultraprocessados, somente alimentos que contenham todos os nutrientes que o organismo necessita para seu pleno desenvolvimento”, explica.

Para garantir que as necessidades nutricionais sejam atendidas em ambos os períodos, o cardápio do matutino e do vespertino é o mesmo. O café da manhã, por exemplo, conta com frutas, pães de cenoura/batata doce (sem recheios), biscoitos salgados ou de polvilho e leite puro (quando solicitado pela criança). As crianças consomem também, em horários estabelecidos por cada unidade escolar, refeições completas que atendem todas as necessidades nutricionais referentes ao período de permanência do aluno na unidade de ensino. “A exposição do paladar ao sabor doce, quanto mais precoce e rotineira, pode levar à preferência por alimentos altamente açucarados e quanto mais esse grupo for ofertado, maiores são as chances de desinteresse pelos cereais, verduras e legumes, alimentos que são fontes de nutrientes essenciais. É muito importante esse processo na primeira infância, para a consolidação de hábitos alimentares adequados e saudáveis, pois é nessa faixa etária que esses hábitos são construídos, podendo perpetuar por toda a vida”, salienta Lidiane.

O Departamento de Nutrição encaminhou uma carta à comunidade escolar explicando sobre as mudanças na alimentação das crianças. Nela, constam as alterações realizadas no cardápio e quais os benefícios à saúde das crianças.